"Não é por não estar a 'troika' que não se fazem reformas"

Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), esteve ontem em Bruxelas, no Parlamento Europeu, para falar sobre a crise e o caminho a seguir no futuro pela União Europeia. Em entrevista ao DN, à margem da conferência, organizada no âmbito de um seminário sobre as eleições europeias, Trichet falou sobre a saída limpa do resgate por parte de Portugal, sobre as razões da crise, os fatores que permitiram a estabilidade da zona euro e os caminhos a seguir para que o que diz serem os erros do passado não se repitam.
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Na conferência que deu esta terça-feira em Bruxelas preferiu não analisar a opção do Governo português por uma saída limpa do resgate...

Eu disse que respeito essa decisão.

Também disse que estes não são tempos de complacência.

Sim.

Está-se a fazer a festa demasiado cedo em Portugal?

A minha hipótese de trabalho é que o Governo português deve ter considerado que consolidou de forma suficiente o estado do seu crédito aos olhos dos credores.E que o Governo, o Parlamento e a sociedade portugueses compreendem que estes não são tempos de complacência. Não é por a 'troika' não estar lá que as reformas estruturais não têm que ser feitas.

Terminado o resgate qual deve ser a prioridade: apostar no crescimento e emprego,cumprir os limites do pacto orçamental ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo?

As duas são possíveis ao mesmo tempo. Uma gestão saudável das políticas macroeconómicas e fiscais é o caminho certo, na direção do emprego e crescimento. Olhem para a Áustria ou Alemanha. A ideia de que é preciso escolher entre uma coisa e outra é estúpida.

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